3.12.08

Mulheres e Trabalho

Os tempos mudaram, e o papel da mulher na sociedade transforma-se gradualmente. Se uma vez não podiam ter outra ocupação além de cuidar da casa e da família, hoje elas até têm empregos, mas não recebem o mesmo que os homens exercendo igual função. São milhares de braços femininos produzindo para o mercado, sem a valorização merecida. Essa desigualdade mostra que expressões do tipo "o homem trabalha porque é homem e a mulher porque precisa" não foram superadas, como se diz. Apesar de as trabalhadoras já fazerem parte da realidade do mundo do trabalho, este mantém uma identidade masculina muito forte e trata as mulheres como intrusas em um espaço que é seu direito.

Para se ter noção, uma empregadora chega a receber cerca de 16 vezes mais do que uma empregada doméstica. Sob o ponto de vista de classe há um abismo social entre elas. A força das contradições, no entanto, as coloca no mesmo barco. De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios (PNAD/IBGE), de 2005, a diferença de rendimentos de uma empregadora para um empregador é perto de 24,33%. Fato que se repete com as empregadas domésticas, um setor quase totalmente dominado por mulheres (apenas 0,9% são homens). O rendimento delas é 18,19% inferior ao dos homens. Só a informalidade iguala os gêneros. Nos empregos sem carteira assinada, o rendimento entre homens e mulheres difere em apenas 1,18% a favor deles.

A organização das trabalhadoras, desde o início, resultou em um longo processo histórico de transformações sociais que possibilitou às mulheres lutar por direitos, igualdade e autonomia, inclusive comemoramos isso todos os anos no dia 8 de março. Fazer o trabalho das mulheres valer menos que o dos homens, tornar seu corpo e sua vida em mercadoria, ser alvo de várias modalidades de violência são formas de marginalizar as mulheres. O que fazer para mudar isso? O movimento feminista acredita em outro projeto de sociedade, construído por todos e todas, oferecendo as mesmas condições.

Toda luta por igualdade também é luta do movimento feminista, mas é importante reconhecer que a realidade das mulheres será transformada pelas mulheres, e ninguém mais.

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